A Ordem Terapêutica​

A Ordem Terapêutica orienta a forma como os princípios naturopatas são aplicados e baseia-se na ideia de que o corpo humano possui o mecanismo molecular inerente para se curar. 

Ela postula que a menor quantidade de força seja empregada para promover saúde e bem-estar suaves, seguros e duradouros. A Ordem Terapêutica caracteriza a progressão natural das recomendações terapêuticas naturopatas para maximizar o benefício do paciente através da relação volume/intensidade de dose-resposta, para que o estímulo  seja suficiente para induzir uma resposta aguda que sustente os mecanismos moleculares de cura  reduzindo o potencial de danos. O cuidado naturopático concentra-se, em última análise, no indivíduo e no que é melhor para ele naquele momento.

A Ordem Terapêutica foi desenvolvida pela primeira vez por médicos naturopatas, americanos os Drs. Jared Zeff e Pamela Snider. O artigo marcante do Dr. Zeff de 1997 propôs a Hierarquia de Cura em quatro partes em “O Processo de Cura – Uma Teoria Unificadora da Medicina Naturopática”.

Drs. Snider e Zeff colaboraram no seu desenvolvimento em 1998, expandindo o modelo de quatro partes para sete níveis. A Ordem Terapêutica evoluiu desde então por meio de publicações adicionais. Os naturopatas utilizam-no para priorizar, individualizar e orientar o tratamento de seus pacientes. 

A ordem terapêutica funciona desde intervenções menos invasivas até intervenções mais invasivas, de dentro para fora, desde estratégias mais gerais, até terapias mais sintomáticas, específica e direcionadas.

Inclui sete passos que devem ser aplicados de baixo para cima, aumentando a intervenção conforme necessário para restaurar a saúde. O foco principal para a ordem terapêutica é que a ordem não seja rígida e seja adaptada a cada paciente.

A seguir estão os sete componentes e etapas da ordem terapêutica.

1- Remover obstáculos à saúde

Para voltar à saúde, o passo inicial deve ser a remoção de tudo que esteja impedindo o processo de cura. Isto é muitas vezes referido como “remoção de obstáculos à cura”. Os naturopatas criam protocolos para seus pacientes que abordam esses obstáculos como dieta inadequada, estresse excessivo, distúrbios digestivos, descanso inadequado, exposições tóxicas, estressores socioeconômicos, traumas, etc.,  em um esforço para removê-los assim como seus efeitos e melhorar as condições em que a doença se desenvolveu. Remover as causas que perturbam a saúde permite que a vitalidade da pessoa aumente, que o processo de autocura seja iniciado de maneira ideal e que outras intervenções terapêuticas tenham os maiores efeitos benéficos possíveis. Remover obstáculos à cura é fundamental para a expressão do Princípio Filosófico Naturopata, Tratar a Causa.

2- Estimular os mecanismos de autocura do corpo

Cada pessoa tem dentro de si mecanismos moleculares  inteligentes que ao serem estimulados produzem uma resposta adaptativa capaz de restaurar a homeostase conduzindo à expressão ideal da saúde. Na medicina naturopática, isso é chamado de “Vis Medicatrix Naturae”. A “Vis Medicatrix Naturae” é a capacidade de cura inata do corpo, o processo de cura que envolve a força vital, como é frequentemente chamada. Os médicos naturopatas usam várias terapias, como nutrição, medicina botânica, medicina física, aconselhamento de estilo de vida, acupuntura, homeopatia e hidroterapia, Jejum intermitente, helioterapia entre outras,  para estimular e aprimorar essa força em um processo poderoso e dinâmico, permitindo que o corpo se cure.

3 – Fortalecer Sistemas Enfraquecidos ou Danificados – Restaurar e Regenerar

Às vezes, os sistemas ou funções da mente, do espírito e do corpo precisam de mais do que estímulo para melhorar. Os sistemas que estão sub ou hiperativos, ou que precisam de reparo ou suporte, são abordados nesta etapa. Os naturopatas usam seus amplos e variados recursos naturais e práticas de cura para ajudar a restaurar a função ideal de todo um sistema fisiológico ou orgânico. Isto pode incluir a aplicação de medicina botânica, equilíbrio endócrino, suplementos de nível profissional, homeopatia, aconselhamento, terapias manuais, acupuntura e outros com a intenção de melhorar a função de tecidos, órgãos ou sistemas específicos; ou no nível psicoemocional.

4 – Integridade Estrutural Correta

Este nível envolve o uso de terapias físicas, como manipulação da coluna vertebral, massagem terapêutica, eletroterapia, terapia crânios sacral, a fisioterapia e o exercício físico  para melhorar, apoiar e manter o sistema musculoesquelético. O movimento terapêutico, a otimização da biomecânica, também podem ser empregados neste nível para promover o retorno à condição estrutural ideal.

5 – Uso de terapias naturais para tratar patologias e sintomas

Embora o objetivo principal da medicina naturopática seja restaurar a saúde, e não tratar uma patologia distinta, há casos em que patologias específicas devem ser abordadas e geridas. Nestes casos, os  naturopatas utilizam substâncias naturais fisiologicamente sinérgicas, confiáveis e eficazes que não acrescentam carga tóxica, que causam efeitos adversos, não colocam pressão adicional indevida sobre um sistema já desordenado, nem prejudicam a Vis Medicatrix Naturae e  ao mesmo tempo aliviam os sintomas que causam sofrimento.

6- Uso de substâncias farmacêuticas ou sintéticas para impedir a patologia progressiva

Apesar dos naturopatas reconhecerem que a supressão dos sintomas remove parte da consciência que nos ajuda a compreender melhor a causa raiz de um problema e a capacidade de restaurar a vitalidade, a ABNAT preconiza que o naturopata oriente o paciente a buscar a assistência do médico convencional, pois, muitas vezes será preciso  o uso de substâncias sintéticas ou farmacêuticas necessárias para conter ou controlar fortemente os sintomas e abordar patologias específicas que estão impactando negativamente a qualidade de vida ou a segurança de um paciente. 

7 – Uso de terapias invasivas e de alta força para suprimir patologias

Em algumas circunstâncias, visando preservar a saúde, o bem-estar e a segurança do paciente, pode ser necessário orientar o paciente a procurar assistência médica convencional inicialmente, a fim de aliviar os sintomas patológicos, a fim de trazer conforto físico e psicológico antes de abordar as causas subjacentes e, em última instância, restaurar a saúde. Ainda que as terapias de supressão ou paliativas possam resultar na redução dos sintomas, é importante ressaltar que, mesmo quando realizadas com as melhores intenções, o desfecho dessas terapias é que os fatores disruptivos originais e fundamentais continuarão a impactar o indivíduo, mantendo a interrupção das funções normais. Por este motivo, após o alívio dos sintomas patológicos agressivos, o naturopata pode ingressar com as terapias naturopáticas para atingir a causa subjacente da perda da saúde.

A resolução dos fatores disruptivos também pode ser dificultada ou adiada até que o paciente esteja estabilizado e seja capaz de abordar as causas subjacentes, minimizando o sofrimento e prevenindo uma deterioração adicional. A medicina naturopática é uma forma de cuidados de saúde distinta, que segue seus próprios princípios e abordagens terapêuticas específicas.